EUA tentam tirar a castanha do fogo com a mão de quem no Oriente Médio?

© AP PhotoO presidente turco Recep Tayyip Erdogan, à direita, e o Emir do Catar, sheikh Tamim bin Hamad Al-Thani apertam as mãos na entrada ao palácio presidencial em Ancara, Turquia, em 19 de dezembro, 2014
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan, à direita, e o Emir do Catar, sheikh Tamim bin Hamad Al-Thani apertam as mãos na entrada ao palácio presidencial em Ancara, Turquia, em 19 de dezembro, 2014 - Sputnik Brasil
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Base militar turca em Catar poderá alojar 3 mil militares.

Vista geral de Riad (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
Coalizão islâmica fará luta ideológica contra o terrorismo
Os oficiais turcos recentemente anunciaram a criação de uma nova base em Catar com capacidade para até 3.000 militares e que será como a maior base militar no estrangeiro da Turquia. Em retorno, Ancara pode aceitar militares catarenses no seu território.

Mas o que, além da óbvia "reabertura dos laços históricos e fraternos" é o motivo para a decisão de abrir esta entidade militar tão grande?

Na quarta-feira (16), o embaixador turco no Catar, Ahmet Demirok anunciou a decisão de instalar a base, sublinhando que a razão é os confrontos realizados na região entre os "inimigos comuns" para Turquia e Catar.

"A Turquia e o Catar juntamente enfrentam problemas com os acontecimentos na região e as políticas incertas de outros países… Nós confrontamos inimigos comuns. Neste momento crucial para o Oriente Médio, a nossa cooperação é vital", disse.

Segundo esclareceu a agência Reuters, que cita as palavras do embaixador, a nova base será criada para tropas terrestres, militares da Força Aérea e Naval, bem como instrutores e forças especiais. A base será instalada em concordância com o acordo de 2014 entre Ancara e Doha, ratificado pelo Parlamento da Turquia em junho do ano corrente.

No âmbito do acordo Catar também poderia construir a sua própria base na Turquia no futuro. Cerca de 100 militares turcos já estão localizados no Catar, além de 10.000 tropas dos EUA na base aérea de al-Udeid, a maior base norte-americana no Oriente Médio.

Presidente da Síria, Bashar Assad dá entrevista à BBC em Damasco - Sputnik Brasil
Assad falou sobre o papel da Turquia e de outros países no apoio ao terrorismo na Síria
Ambas as partes (a Turquia e o Catar) são famosas pelas tentativas de fazer o presidente sírio Bashar Assad se demitir. E mais do que isso, ambos os países apoiam a Irmandade Muçulmana (organização islâmica radical que atua em cerca de 70 países) e ambos foram acusados de prestar assistência direta e indireta às ações do grupo terrorista Daesh (proibido na Rússia) na Síria e no Iraque.

O Catar alegadamente financia o grupo terrorista, e a Turquia já várias vezes foi acusada de participar no trafico ilegal de petróleo sírio na Turquia. A Rússia apresentou provas disso, que depois foram confirmadas pelos EUA.

Soldados sauditas no sudoeste da Arábia Saudita, 13 de abril de 2015 - Sputnik Brasil
Coalizão islâmica contra Daesh é instrumento para salvar regime saudita
Comentando a notícia sobre a criação da base militar e a criação pela Arábia Saudita da coalizão islâmica, o jornalista russo Anton Mardasov sugeriu que o conjunto destes fatos "poderia ser o sinal de que a maioria de patrocinadores do terrorismo internacional planeja em sério começar uma operação terrestre na Síria e no Iraque".

Também contatado pela Sputnik, Aleksei Fenenko, especialista na política internacional da Universidade Estatal de Moscou, declarou que a decisão turca poderia ser uma parte da estratégia proposta por Washington.

"Em outubro, os americanos começaram a insistir que a Rússia é aliada aos xiitas, em particular, como um parceiro da coalizão xiita na Síria (que envolve os alauitas sírios, iranianos e Hezbollah). Agora nós vemos, por meio dos seus aliados sauditas e catarenses, que os americanos estão tentando criar algo parecido com a coalizão sunita para contrabalançar a influência russa e iraniana no Oriente Médio – em outras palavras, um contrabloco", disse.

Ainda de acordo com a opinião do especialista, um passo próximo dos aliados, ou em particular da coalizão liderada pela Arábia Saudita, será “a criação de um governo anti-Assad, a redução ademais dos preços de petróleo e o fornecimento de armas aos rebeldes, que permitirão aos Americanos dizer que foram Saudis e catarenses que forneceram, e não nós”.

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