Grande coletiva: os momentos mais marcantes e provocativos de Putin

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Grande coletiva de Vladimir Putin em 17 de dezembro - Sputnik Brasil
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A grande entrevista coletiva anual do presidente da Rússia, Vladimir Putin, tradicionalmente é lembrada por declarações marcantes do chefe de Estado, que disseram respeito às questões internas da Rússia e do cenário internacional.

A grande coletiva de Putin é realizada todos os anos desde 2001, primeiro ano da sua presidência.

Neste ano, cerca de 1.400 jornalistas russos e estrangeiros acompanham a entrevista do presidente russo, realizada nesta quinta-feira (17) no Centro de comércio internacional na capital russa, Moscou.

Governo e Banco Central

Durante a conversa com a imprensa, Putin falou sobre a atuação do governo. "Pelo longo período de tempo do meu trabalho, provavelmente pode ser notado que eu lido com muito cuidado e preocupação com as pessoas, e eu acredito que a remodelação de quadros, via de regra não é necessária, ela atrapalha. E se o trabalho de alguém não está funcionando, pelo que sou responsável, eu acho que também é culpa minha”, disse Putin.

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O presidente falou sobre as atividades do Banco Central. "Para reduzir as taxas, é preciso não ‘silenciar’ o Banco Central, como já foi feito na era soviética com a economia planificada, mas ajudar o Banco Central e o governo a suprimir a inflação e reduzir o risco de inflação. Quando caminharmos desta forma, então, naturalmente, as taxas de refinanciamento do Banco Central vão diminuir calmamente com o mercado", disse Putin.

O presidente também fez comentários sobre alguns ministros especificamente. “No que diz respeito a Vitaly Mutko (ministro dos esportes), pode-se rir dele como for, mas saibam que, nesse sentido, ele é desprovido de complexos e está pronto para trabalhar. Eu não me permitiria de forma alguma dar a ele tais presentes (Putin presenteou o ministro com um livro de aprender inglês), se não visse que ele se relaciona com isso tranquilamente e sem complexos”, observou o chefe de Estado.  

Ao falar da situação econômica da Rússia, Putin lembrou a anedota sobre os tempos bons e difíceis: “Me encontro com dois amigos, um pergunta ao outro: — como vai? O Outro responde.  – Então, como se estivesse em listras, no preto ou no branco. – E agora qual é? Agora é preta. Passa meio ano. – Então, como ai? Eu sei, em listras. Agora qual é? Preta. – Não, foi preta da outra vez, não? – Não – Descobre-se que da outra vez era a branca. Então, a nossa situação é relativamente semelhante”, disse o presidente. 

Sobre Turquia, Síria e Ucrânia

Durante a entrevista coletiva, Putin falou sobre as ações da Turquia após o abatimento do avião russo Su-24. O presidente classificou a ação como um ‘ato hostil’. 

“Se isto fosse um acidente infeliz, como nós depois ouvimos, as autoridades turcas aparentemente nem sabiam que se tratava de um avião russo, então o que se faz nesses casos? Afinal, pessoas morreram! Imediatamente se pega no telefone e se justifica um pro outro. Ao invés disso, correram imediatamente para Bruxelas: socorro! Estão nos ofendendo! Quem está ofendendo vocês? Nós encostamos em alguém? Não! Começaram a se esconder atrás da OTAN, e a OTAN precisa disso? Parece que ficou claro que não”, disse Putin.

As relações entre a Turquia e os Estados Unidos também foram comentadas. O presidente foi perguntado sobre a possibilidade de existir uma terceira parte na situação do avião derrubado. “Eu entendo o seu pensamento. Nós não sabemos disso. Mas se alguém na liderança turca decidiu introduzir os americanos em algum lugar, não sei se eles agiram corretamente ou não. Eu não sei os americanos precisam disso ou não”, declarou Putin. 

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O presidente comentou as ações da aviação turca. “Eles (autoridades turcas) pensaram que nós íamos fugir de lá! Não, a Rússia não é este tipo de país. Lá não havia nenhum sistema de defesa aéreo russo – agora tem S-400. Se antes a Turquia voava tranquilamente por lá e violava constantemente o espaço aéreo da Síria, então que voem agora”, disse ele. 

Ao falar sobre a possibilidade de estabelecer bases temporárias das Forças Armadas russas na Síria, Putin disse que se "alguém tem que ser alcançado, nós vamos lá e alcançamos. A luta contra o terrorismo, manifestações as quais não vencemos totalmente ainda, mas certamente quebramos a espinha dorsal – este foi o resultado", disse Putin. 

Outra declaração memorável do presidente foi feita contra o líder da região de Odessa, o ex-presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili. "Na minha opinião, isto foi como cuspir na cara do povo ucraniano. Não bastasse terem colocado a Ucrânia sob gestão externa, ainda delegaram políticos deste tipo para lá", disse Putin.

Vida pessoal

Na entrevista coletiva deste ano os assuntos pessoais do presidente não passaram despercebidos. Desta vez, os jornalistas se debruçaram exclusivamente sobre os filhos de Putin. 

“Recentemente afirmaram que minhas filhas: a) estudam no exterior e vivem constantemente no estrangeiro. Agora, graças a Deus, ninguém escreve mais sobre isso, agora dizem que elas – e isso é verdade – vivem na Rússia e nunca saíram do país para viver permanentemente. Elas não receberam ensino em nenhum lugar que não fosse a Rússia, elas estudaram apenas em universidades russas. Isto não quer dizer que elas não possuem contatos com colegas, que não se comunicam. Eu me orgulho delas. Elas continuam estudando e trabalhando”, disse Putin. 

“As minhas filhas falam livremente em três idiomas europeus, e há quem fale em um ou dois idiomas orientais, podem se comunicar em idiomas orientais. Além disso, não apenas falam livremente, como se utilizam dos idiomas no trabalho. Elas dão os primeiros passos em suas carreiras e vêm alcançando grandes sucessos”, observou. 

"Eu nunca discuto questões relacionadas com a minha família. Elas não lidam com negócios e não se envolvem em política, elas não se metem em nada", disse Putin.

Investigação do assassinato de Boris Nemtsov

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O Presidente falou sobre as relações com político assassinado em Moscou, Boris Nemtsov. "Eu nunca rompi o relacionamento com ele. Ele escolheu o caminho da luta crítica, mas eu estou acostumado a isso, ele não está sozinho. Absolutamente não é um fato que uma pessoa deve ser morta. Eu jamais vou aceitar isso. Eu acho que isso é um crime que deve ser investigado e punido", disse Putin.

“Casos criminais envolvendo líderes da oposição devem ser investigados”, destacou Putin.

"No que toca ao assassinato de Nemtsov, os seus autores devem ser identificados e punidos, independentemente de quem sejam. E são os investigadores quem deve fazer isso", disso.

 

Após inúmeras perguntas e mais de três horas de conversa com jornalistas, a entrevista coletiva também terminou em tom bem humorado: “É impossível terminar isso, só é possível interromper”.

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