Número de vítimas aumenta no Afeganistão por culpa dos militares dos EUA

© AP Photo / Médecins Sans FrontièresHospital do Médicos Sem Fronteiras bombardeado no norte do Afeganistão no dia de 3 de outubro, em Kunduz
Hospital do Médicos Sem Fronteiras bombardeado no norte do Afeganistão no dia de 3 de outubro, em Kunduz - Sputnik Brasil
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Um relatório recente da organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) sobre o ataque a hospital em Kunduz (Afeganistão) deixa muitas questões sem resposta.

Christopher Stokes,  diretor geral da MSF, declarou no comunicado que mais uma vez propagou a necessidade de realizar a investigação imparcial:

"O que provoca choque é o fato de que os ataques podem ter sido realizados quando as forças dos EUA não estavam olhando para o alvo e não tinham acesso à lista de objetos que não deveriam ser alvos de ataques, e também estavam com a comunicação muito ruim".

Guarda afegão ocupa a posição perto do portão do hospital dos Médicos Sem Fronteiras depois do ataque aéreo na cidade de Kunduz, Afeganistão - Sputnik Brasil
EUA se basearam em informações de parceiros afegãos durante ataque a hospital da MSF
O Pentágono não exclui que os militares que realizaram o ataque que matou pelo menos 30 pessoas, entre os quais três crianças, podem ser processados, segundo declarou na quarta-feira (25) o general norte-americano John Campbell, que representa a missão dos EUA no Afeganistão.

Os militares culpados já foram exonerados do serviço, e após receber os resultados da investigação, Campbell declarou:

"As medidas que têm a ver com a responsabilidade pessoal serão tomadas de acordo com a prática comum da justiça militar".

Um veículo médico perto do prédio do hospital destruído da MSF em Kunduz - Sputnik Brasil
'Até a guerra tem regras'
Mas especialistas opinam que isso não é bastante e não só os norte-americanos devem ser punidos, senão que também devem ser pagas compensações às vítimas. A respectiva opinião foi divulgada à Sputnik pelo defensor de direitos humanos afegão Nematollah Elahi em uma entrevista.

Segundo ele, o triste incidente mais uma vez mostrou a negligência da parte norte-americana em relação ao povo afegão:

"Semelhantes crimes acontecem não só por erros técnicos. É claro que a desorganização entre militares afegãos e americanos foi a razão importante dos acontecimentos e os culpados, gostaria de crer, serão punidos. Mas o fundo do crime está muito mais baixo".

Ele sublinhou especialmente que os EUA mais uma vez se esqueceram do direito internacional:

"Gostaria de responder a todos que acham que os ataques contra o hospital tinham fundamento, porque alegadamente talibãs e militantes do EI e outros terroristas estavam lá. Mas esperem, e o que se diz sobre o direito internacional, de acordo com o qual bombardeamento de objetos civis é proibido? Parece que os americanos ignoraram-no mais uma vez".

Enquanto tudo isso, a possibilidade de repetição dos acontecimentos em Kunduz continua existindo, segundo declarou à Sputnik o deputado do parlamento iraniano Nazar Torkman. De acordo com ele, mesmo tendo equipamentos militares modernos os EUA continuam fazendo erros semelhantes:

"Agora ninguém pode garantir a proteção de entidades civis no Afeganistão contra novos ataques. Nas duas semanas após o ataque ao hospital da MSF, os EUA continuaram realizando ataques aéreos contra alvos que ficam na proximidade direta de povoados".

Presidente dos EUA Barack Obama - Sputnik Brasil
Obama finalmente se desculpa por ataque a hospital do Afeganistão
O hospital da MSF em Kunduz foi bombardeado em 3 de outubro pela Força Aérea dos EUA. De acordo com declarações oficiais, o comando militar possuía informações que alegavam a presença de terroristas do movimento Talibã no território do hospital, o que serviria de justificativa para o ataque. Mas só havia médicos e pacientes dentro.

Em uma sala, uma cirurgia estava sendo realizada. Ficou sem terminar por causa do bombardeio súbito, e o paciente morreu.

Uns dias mais cedo, no final de setembro, a cidade de Kunduz se tornara palco de confrontos entre o Talibã e as forças do governo afegão.

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