Bálcãs resistem a ‘fascismo’ da OTAN

© AP Photo / Dimitri MessinisChamas dos incêndios em resultado dos ataques aéreos da OTAN iluminam o céu de Belgrado, Iugoslávia, 24 de março de 1999
Chamas dos incêndios em resultado dos ataques aéreos da OTAN iluminam o céu de Belgrado, Iugoslávia, 24 de março de 1999 - Sputnik Brasil
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Em meados de outubro, Montenegro foi abalado por uma série de protestos contra a visita do secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, e a hipótese de adesão de Montenegro à Aliança Atlântica. No seu discurso de 14 de outubro, o líder do Partido Popular Democrático Milan Knezevic exclamou: "Não ao fascismo!".

Em sua entrevista à Sputnik, o político afirmou que a maioria dos montenegrinos não apoia a ideia de o país se tornar parte da OTAN e, por isso, a linha política de adesão à OTAN contradiz os interesses nacionais de Montenegro (país balcânico que tem limites com a Sérvia, Albânia e Bósnia e Herzegovina). Na sua opinião, o estatuto neutro do país é a melhor variante, que deve ser apoiada tanto por Moscou como por Bruxelas.

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Esta ideia se baseia em dois aspetos. O primeiro é sociopolítico: a falta de vontade de Montenegro de ser envolvido no jogo geopolítico das grandes potências. O segundo aspecto é histórico e tem a ver com o fato de que Montenegro, bem como a Sérvia, ainda não se esqueceram dos bombardeamentos da OTAN de 1999, quando a aliança lançou 15 mil bombas sujas com materiais radioativos, causando câncer na população.

"Esta foi a primeira intervenção militar da OTAN desde a sua formação em 1949 e claramente percebemos que o seu alvo era destruir a república socialista da Jugoslávia e arrancar o Kosovo da Sérvia", afirmou Knezevic.

Knezevic declarou que, caso o seu país receba o convite oficial para se juntar à OTAN, o seu partido criará uma vasta coalizão de organizações políticas, não-governamentais e intelectuais. Segundo Knezevic, o único modo de expressar a vontade da população montenegrina sobre o assunto é um referendo.

Todavia, as autoridades do país decidiram realizar o seu objetivo através do Parlamento onde, segundo a Constituição, 21 votos de 81 são suficientes para aprovar a respectiva lei.

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Knezevic afirma que estas ações não correspondem à própria natureza e ao espírito do povo montenegrino que, entre as outras coisas, pode ser explicado pela prolongada amizade com a Rússia.

Ao mesmo tempo, segundo Knezevic, o objetivo principal de tal política do líder montenegrino Milo Djukanovic não é dispor Montenegro contra a Rússia aderindo à OTAN, mas permanecer ao poder.

A Rússia reconheceu a independência de Montenegro depois do referendo de 2006 e se tornou o maior investidor do país até 2008, quando Montenegro mudou a sua política e reconheceu o Kosovo, agravando as relações com a Sérvia e aspirando a aderir à OTAN.

Knezevic afirmou que Djukanovic mantém o seu poder balançando entre a Rússia e o Ocidente. Knezevic disse que o grupo dos políticos liderado por Djukanovic tem reprimido Montenegro por muitos anos, acrescentando que ele tem estado à frente do país por mais de 27 anos, o que é ainda mais que Josef Stalin.

O líder do partido declarou que, pouco depois do referendo de 2006, a mídia passou a ser controlada, espalhando a russofobia e a propaganda da OTAN. Djukanovic acusa a Rússia e a Sérvia de estimularem os protestos em Montenegro.

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O partido do primeiro-ministro falsifica mesmo a História, inventando falhas nas relações entre a Rússia e Montenegro. Por exemplo, a mídia montenegrina está popularizando a ideia de que as relações bilaterais nunca foram ideais e que a Rússia usou Montenegro para os seus interesses. Agora planeja-se incluir estes "fatos" nos cursos de História.

É conhecido que Petar I de Montenegro, santo considerado o fundador do Estado montenegrino, que lutou contra Napoleão ao lado da Rússia, avisou contra renegar a "Mãe-Rússia que nos defende".

Segundo Knezevic, "Se a OTAN existisse naquela altura, os historiadores tentariam provar que Petar I queria dizer a OTAN e não a Rússia".

No início de outubro, os Estados Unidos anunciaram a disposição de acelerar a adesão de Montenegro à OTAN para dezembro. A oferta foi sugerida por Washington durante uma reunião de chanceleres da Aliança, mas na condição de o país balcânico continuar a implementar reformas e a trabalhar para aumentar o apoio da população à adesão à OTAN.

A Rússia, por sua vez, tem expressado constantemente a sua preocupação com a crescente presença militar da Aliança no Leste Europeu, advertindo que a situação pode ameaçar a estabilidade regional e global.

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