'Se a Síria cair, o caos chegará à Rússia'

© Sputnik / Senka MiloshLamak Kuder, estudante sírio na Sérvia
Lamak Kuder, estudante sírio na Sérvia - Sputnik Brasil
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A Sérvia, que recentemente se tornou uma das manchetes mais frequentes do noticiário internacional devido ao grande fluxo de refugiados da Síria, possui também uma diáspora síria bastante desenvolvida. A Sputnik contatou um dos seus representantes para saber como a crise no Oriente Médio atinge a Europa.

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Um estudante sírio que vive na Sérvia, Lamak Kuder, comentou a situação à Sputnik:

“Uma pessoa que queira manter a neutralidade avaliando a situação, no final das contas compreenderá que as forças poderosas no nosso território não combatem as autoridades, mas o país como um todo, é isso que querem destruir e não o regime de Assad. Esse último, a propósito, primeiramente foi bastante tolerante, começou reformas gradualmente.”

Ele começou sua formação na Sérvia pouco antes do começo da guerra no seu país, na Síria. Atualmente o futuro médico está no quinto ano da Universidade de Belgrado. O seu pai, também médico, foi forçado a deixar o trabalho e a casa na parte da Síria controlada pelo Estado Islâmico e retornar para a aldeia natal, perto da cidade de Hama. Durante a guerra Kunder perdeu muitos amigos, um primo e uma tia em segundo grau. 

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Lamak Kuder é o chefe da União de Estudantes Sírios na Sérvia. Mais de 30 sérvios, principalmente muçulmanos, estudam na Sérvia, mas a religião não é para eles muito importante, nem as posições políticas. Independentemente destas duas coisas, todos concordam que o conflito na Síria, que começou com o fortalecimento dos fundamentalistas islâmicos, deve terminar o mais depressa possível.

O estudante entrevistado pela Sputnik opina que a Rússia começou a operação após observar por muito tempo o comportamento e o jogo do Ocidente no Oriente Médio.

“Hitler era o mais poderoso do mundo e a Rússia derrubou ele em poucos anos. Os EUA e a Rússia fizeram isso conjuntamente. E como agora os americanos podem dizer que a guerra na Síria continuará por 20 anos? Agora vemos o que os EUA realmente querem — o caos em toda a região. Acho que a Rússia levou tudo a sério: se a guerra continuasse, os terroristas destruiriam a cultura do Oriente Médio.”

Segundo o estudante, os laços de amizade entre a Rússia e Sérvia foram estabelecidas há muito e, o que é ainda mais importante, a Rússia sempre apoiou a independência do Estado sérvio.

“A Rússia tem interesses econômicos, tal como todos os países têm. Mas, se a Síria cair, um dia esse horror atingirá a Rússia também. Você mesmo vê o que acontece na Ucrânia, são elos da mesma cadeia.”

Atualmente os estudantes sírios tentam ajudar o seu povo de alguma maneira, muitos trabalham como voluntários e intérpretes nas organizações humanitárias. Kuder e os seus colegas assistem todo o tempo às noticias em três línguas – sérvio, inglês e árabe. Sobre a informação de vítimas entre civis em resultado dos ataques da Força Aérea russa na Síria, Kunder disse que ela não deixou ninguém indiferente mas que deve ser verificada.

"Putin estava certo quando disse que as notícias sobre vítimas entre civis seriam uma reação previsível. Mas os russos recebem a informação correta de Damasco, e por isso sabem quem e quando devem atacar. Então tudo isso é mentira. A mídia norte-americana informou que a oposição foi atacada e depois desmentiu essa informação. Eu li num dos sites da oposição sobre a morte de mulheres e crianças, mas não havia fotos. Em geral, para uma pessoa inteligente isso é bastante para compreender que tudo está longe da verdade."

Vale lembrar que a Rússia iniciou sua ofensiva aérea contra as posições do grupo terrorista Estado Islâmico na Síria na quarta-feira (30) em resposta a um pedido oficial de ajuda militar apresentado por Damasco.

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Segundo os dados do Ministério da Defesa russo, os ataques lançados pelos caças Su-34, Su-24M e Su-25 já destruíram uma série de infraestruturas do Estado Islâmico e danificaram significativamente a rede de comando e apoio logístico dos militantes.

Os alvos dos ataques são escolhidos com base nos dados de reconhecimento russo e sírio, inclusive através de reconhecimento aéreo. Segundo o Ministério da Defesa russo, o equipamento dos aviões russos permite atingir alvos do Estado Islâmico em todo o território sírio com “precisão absoluta”.

O embaixador sírio na Rússia, Riad Haddad, confirmou que foram realizados ataques aéreos do exército sírio, apoiados pelas forças aeroespaciais russas, contra organizações terroristas armados, e não fações da oposição política ou civis.

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