Opinião: As relações desiguais entre Japão e EUA

© AFP 2023Um jovem fã japonês agita bandeiras dos EUA durante a partida final de hóquei no gelo entre os EUA e Bielorrússia, nos Jogos Olímpicos de Inverno em Nagano, 14 de fevereiro de 1998.
Um jovem fã japonês agita bandeiras dos EUA durante a partida final de hóquei no gelo entre os EUA e Bielorrússia, nos Jogos Olímpicos de Inverno em Nagano, 14 de fevereiro de 1998. - Sputnik Brasil
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A herança mais importante da Segunda Guerra Mundial para o Japão é o fato de o país nunca se ter tornado verdadeiramente independente, escreve o jornalista holandês Karel Van Wolferen na publicação The Japan Times.

Segundo o jornalista, especialista em política, “Tóquio não é livre na tomada de decisões benéficas para o país e para a região”. 

“No início do período pós-guerra, os primeiro-ministros Yoshida Shigeru e Kishi Nobusuke decidiram que a subserviência japonesa, junto com o Tratado de Segurança Japão-EUA, era algo provisório, para respeitar apenas até que o país recuperasse a força.”

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Opinião: Uma aliança militar com os EUA deixará o Japão mais vulnerável
Segundo o especialista, os atuais políticos japoneses já não podem imaginar o que é uma política externa independente e mesmo as suas tentativas isoladas de conduzi-la estão destinadas ao fracasso. 

Para ilustrar a sua opinião, Wolferen recorda a tentativa do líder do Partido Democrático japonês, Yukio Hatoyama, de estabelecer relações de vizinhança com a China, que resultou na reação imediata e muito negativa de Washington.

“Hatoyama queria reforçar a cooperação regional com o grupo ASEAN+3 que incluiu a China, Coreia do Sul e Japão. Mesmo antes as eleições que conduziram o Partido Democrático (dos EUA – ed.) ao poder, a secretária do Estado Hillary Clinton deixou claro que fosse qual fosse o partido vencedor, os planos sobre a nova base naval de Okinawa não seriam mudados.”

O autor do artigo opina que, deste modo, os Estados Unidos mostraram que são contra o novo curso político de reformas do novo governo japonês.

Enquanto isso, segundo ele, os militares norte-americanos ficam em Okinawa não para proteger o Japão, mas como a força de combate pronta a ser enviada para o Oriente Médio ou Ásia Central.

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Oficiais russos continuam visita às Curilas apesar de protestos do Japão
O especialista holandês também nota que os EUA raramente prestam atenção mesmo aos políticos japoneses fiéis aos interesses de Washington. Ele argumenta este fato pela página interessante na história – quando Shinzo Abe recebeu a pasta de premiê, em vez de visitar a Rússia e resolver as questões de ilhas Curilas e Senkaku, decidiu seguir a tradição e visitar a Casa Branca primeiramente.

"No entanto, Washington, agindo em seu estilo, mandou Abe ficar na fila e esperar vários meses para ser recebido – devido ao calendário muito apertado do presidente Obama", escreveu Wolferen.

Segundo ele, por um lado, Washington considera o Japão como uma ferramenta na luta pelo domínio da parte ocidental do Pacífico. E por outro — os Estados Unidos querem agir como um inspetor de polícia e garantir que a política no Japão não volta aos anos militaristas de 1930.

O autor do artigo opina que, no futuro próximo, o Japão pode perder um chance tendo em conta as mudanças sérias na infraestrutura da Eurásia, tais como a construção de ferrovias de alta velocidade através da Sibéria, ligando as cidades portuárias da China com portos na Europa.

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