Quem vencerá na luta pelo domínio dos oceanos: China ou EUA?

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Há pouco tempo, o jornal The New York Times publicou um artigo de Gregg Easterbrook, intitulado “A nossa Marinha de Guerra é suficientemente grande” (“Our Navy Is Big Enough), no qual é dada uma avaliação bastante negativa do potencial da Marinha da China. O artigo suscitou violentos comentários na mídia chinesa, nomeadamente no Global Times.

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Na verdade, a perspectiva do autor do artigo é bastante próxima dos interesses da China e os chineses deveriam não criticar, mas sim divulgar as opiniões do autor, que se manifesta contra o aumento do financiamento da Marinha estadunidense — considera Vasily Kashin, especialista do Centro russo de Análise de Estratégias e Tecnologias numa entrevista à Rádio Sputnik.  

Gregg Easterbrook é de opinião que a Marinha de Guerra chinesa não é capaz de enfrentar a sua congênere norte-americana, uma vez que a China não possui uma dezena de porta-aviões atômicos e está bastante atrasada no que toca às tecnologias de construção de submarinos atômicos. A Marinha chinesa é mais fraca do que a Americana quanto ao poderio de fogo e quanto às possibilidades das forças de fuzileiros navais. Mas esta característica não é apenas própria da China. Na opinião do autor, a competição naval dos vários países na prática terminou após a Segunda Guerra Mundial. Hoje em dia, é impossível para qualquer país vencer a Marinha norte-americana.  

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O artigo insere-se na discussão interna sobre o financiamento do futuro orçamento da Marinha dos EUA. No entanto, voluntaria ou involuntariamente, o autor comete dois erros. Ele esquece-se da História e ignora as circunstâncias concretas de um possível conflito entre os EUA e a  China nos oceanos. 

É muito estranho afirmar que a rivalidade nos oceanos terminou com a destruição da frota japonesa em 1945. Na realidade, em uma-duas décadas, desde o fim dos anos 1950 até ao princípio dos anos 1970, a URSS criou uma poderosa Marinha de Guerra, que se tornou um fator importante no equilíbrio de forças durante a Guerra Fria. 

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A China, por seu lado, não tem qualquer necessidade de entrar em competição com  Marinha estadunidense. É difícil imaginar num futuro próximo um conflito naval entre os EUA e a China junto às costas africanas ou no Caribe. Para a China é importante garantir a sua superioridade numa zona relativamente restrita, nos limites da primeira e segunda corrente de ilhas. Ao conseguir isso, a China pode, em caso de guerra, garantir o êxito de uma operação de conquista de Taiwan ou defender os seus interesses em possíveis disputas navais locais. 

As possíveis batalhas navais importantes para a China decorrerão próximo das suas costas, onde Pequim pode utilizar melhor as suas vantagens como, por exemplo, o seu significativo arsenal de mísseis balísticos e de cruzeiro, bem como os seus modernos submarinos diesel-elétricos. 

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Acrescente-se o fato de que as Forças Armadas americanas, incluindo a Marinha, estão dispersas por todo o mundo. Pelo contrário, quase todo o potencial da China está concentrado na zona de possíveis operações militares. A capacidade de os EUA responderem rapidamente a uma grande ação da China na parte ocidental do Pacífico suscita grandes dúvidas. As perspectivas de contenção militar da China são mais que duvidosas.   

O problema, no entanto, consiste no seguinte: mesmo que o Governo estadunidense aumente o financiamento da Marinha, isso só alterará a correlação de forças de forma temporária. O PIB e o orçamento militar da China crescem mais depressa que nos EUA. Os Estados Unidos continuam se dispersando por várias regiões do globo. Os aliados dos EUA, por exemplo, na Europa Ocidental, apostam na defesa norte-americana, não tencionando eles próprios aumentar radicalmente os seus orçamentos militares.

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