'Antes que seja tarde demais': 117 médicos de 18 países exigem fim de prisão de Assange

© Sputnik / Aleksei Kudenko / Acessar o banco de imagensJulian Assange participou em formato vídeo do Fórum Internacional da Mídia em 7 de junho de 2016
Julian Assange participou em formato vídeo do Fórum Internacional da Mídia em 7 de junho de 2016 - Sputnik Brasil
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O denunciante do WikiLeaks vive dias difíceis em isolamento, e preocupações com seu tratamento estão levando cada vez mais pessoas a exigir mudanças rápidas.

Julian Assange tem sido torturado e ainda não recebeu os cuidados médicos adequados de que necessita, apesar da aproximação rápida das audiências de extradição, segundo especialistas. O editor do WikiLeaks enfrenta até 175 anos de prisão nos EUA e há a preocupação de que sua condição o impeça de participar adequadamente de sua defesa.

A proeminente revista médica The Lancet publicou uma carta de 117 médicos e psicólogos de todo o mundo exigindo o "fim da tortura psicológica" de Julian Assange.

"Desde que os médicos começaram a avaliar o Sr. Assange na embaixada do Equador em 2015, a opinião médica especializada e as recomendações urgentes dos médicos têm sido constantemente ignoradas", diz a carta, escrita por um grupo de profissionais médicos conhecidos como Médicos por Assange (Doctors for Assange), publicada em 17 de fevereiro.

Em maio de 2019, o especialista em tortura da ONU Nils Melzer, juntamente com dois outros especialistas médicos especializados na avaliação de vítimas de tortura, concluiu que o fundador do WikiLeaks apresentava sintomas de "tortura psicológica".

Em Londres, nos reunimos com o relator especial da ONU para Tortura, Nils Melzer, para discutir o Julian Assange. Nils não nos deixou dúvidas de que Assange está mostrando efeitos de tortura psicológica e se sente traído pelo sistema de justiça do Reino Unido, EUA e Austrália.

Melzer deixou claro que a tortura psicológica "não é uma tortura leve", e deve apresentar um relatório sobre tortura psicológica à ONU até o final de fevereiro.

© Foto / RuptlyJulian Assange, fundador do WikiLeaks, detido pela polícia do Reino Unido
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Julian Assange, fundador do WikiLeaks, detido pela polícia do Reino Unido

A primeira série de audiências de Assange sobre extradição terá início na segunda-feira (24) e se espera que seja realizada em Woolwich, no sul de Londres, perto da prisão de segurança máxima de Belmarsh, onde ele está preso. Até recentemente o editor era mantido em isolamento na ala médica da prisão, embora a pressão dos seus advogados, ativistas e colegas prisioneiros tenha resultado na sua recente transferência para uma ala coletiva em Belmarsh.

Apelos a clemência

Os especialistas médicos "condenam a tortura de Assange" e a contínua negação "do seu direito fundamental" a cuidados de saúde apropriados.

"Esta politização dos princípios médicos fundamentais é para nós motivo de grande preocupação, pois tem implicações para além do caso de Julian Assange. O abuso por negligência médica politicamente motivada estabelece um precedente perigoso, acabando por minar a imparcialidade da nossa profissão, o compromisso com a saúde para todos e a obrigação de não causar mal a ninguém", se lê na carta.

Marise Payne, ministra das Relações Exteriores da Austrália, também recebeu uma cópia da carta. O evento coincide com a chegada dos deputados australianos Andrew Wilkie e George Robert Christensen, que viajaram para o Reino Unido para visitar Assange, falar com o especialista em tortura da ONU e deputados do Reino Unido e fazer pressão para a libertação de Assange. A carta endereçada a Payne apela para "agir com determinação agora" para garantir a libertação de Assange.

"Nossos apelos são simples", escrevem os autores da carta, publicada na The Lancet: "Pedimos aos governos que acabem com a tortura do Sr. Assange e garantam seu acesso aos melhores cuidados de saúde disponíveis, antes que seja tarde demais". Também apelam a outros profissionais médicos para que se juntem a eles.

Assange enfrenta até 175 anos de prisão nos EUA por acusações relacionadas com espionagem e com o seu papel na publicação de documentos classificados. As publicações, nomeadamente registos de guerra no Iraque e no Afeganistão revelaram crimes de guerra, cometidos por tropas lideradas pelos EUA, juntamente com outras formas de criminalidade e corrupção.

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