Pandemia cria ao ouro novo dilema 'jamais visto'

© Sputnik / Aleksandr KondratyukBarras de ouro comercializadas no mercado internacional
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Regimes de quarentena afetam produção industrial mundial, enquanto minas de ouro têm atividades encerradas e metal pode sofrer forte valorização.

Em tempos de quarentena a vida muda em muito, trazendo novas realidades raras de se ver.

Foi dessa forma que, em entrevista à Bloomberg, o diretor comercial da Silver Bullion, Vincent Tie, viu o vínculo entre produtos sanitários e o ouro.

"Desde a semana passada as máscaras, os desinfetantes de mãos, o papel higiênico e as onças de ouro têm algo novo em comum: se acabam quando todos tratam de os comprar", afirmou.

A razão disso é que em casos de crise o ouro tem sua reputação de ferramenta de troca histórica fortalecida.

Isso significa que sua demanda crescerá, tendência que se acentuará caso empresas, instituições financeiras e Estados quebrem.

Sendo assim, muitos investidores poderão converter seus ativos em barras de ouro.

Hoje, as maiores reservas do metal estão em cofres de Londres, Suíça e Nova York, sendo esta última cidade abrigo de 497 mil barras de ouro do Banco de Reserva Federal dos EUA.

Produção parada

No entanto, se o aumento da demanda impulsiona a maior produção de qualquer produto, no caso do ouro não é o que acontece.

Nesta semana, as três maiores refinarias situadas no cantão suíço de Ticino encerraram suas atividades tendo em vista o combate ao coronavírus no país.

As minas da África do Sul também tiveram suas atividades paralisadas, algo que não ocorre há 150 anos. Cenário semelhante se viu em minas argentinas e canadenses.

Enquanto isso, o transporte do metal, geralmente por via aérea, ficou em um impasse.

A razão não está no fechamento de aeroportos e cancelamento de voos, mas na ausência de cobertura oferecida pelas seguradoras de transporte caso o avião carregue uma quantidade de ouro acima do que pode.

Por isso, ao invés de um dia, o fornecimento do ouro russo pode levar uma semana, explicou à mídia Aleksei Zaitsev, um dos diretores do banco russo Otkrytie.

Preços descontrolados

Todos os fatores mencionados acima têm gerado uma escassez histórica de futuros de ouro para investimento na Bolsa de Nova York.

Usualmente os investidores compram seus futuros para obter melhores preços do metal. Assim, eles não devem se preocupar com a inconveniência diária que implica possuir barras físicas.

Se os investidores mantêm os futuros de ouro até a data de seu vencimento, podem receber as barras de uma forma específica: por unidades de 100 onças ou três barras de 1 quilo.

Se o preço dos futuros de ouro sobe muito na Bolsa de Nova York com respeito ao mesmo instrumento financeiro vendido em outras partes do mundo, os bancos passam a comprar barras de quilo ali e não na metrópole americana.

Contudo, a interrupção nas cadeias de fornecimento põe em dúvida tais operações.

O rápido encarecimento dos futuros do metal faz ele ser vendido por preços maiores em Nova York do que em Londres. Este incremento na diferença dos preços, chamada de spread, começa a preocupar os comerciantes veteranos.

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