Crise poderia arrastar economia da Arábia Saudita para o colapso, alerta Bloomberg

© REUTERS / Ahmed JadallahVista geral da refinaria e do terminal petrolífero da Saudi Aramco em Ras Tanura, na Arábia Saudita (foto do arquivo)
Vista geral da refinaria e do terminal petrolífero da Saudi Aramco em Ras Tanura, na Arábia Saudita (foto do arquivo) - Sputnik Brasil
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Ao contrário de outros países produtores de petróleo que não souberam investir os proventos do ouro negro em suas economias, as monarquias do Golfo não desperdiçaram esses benefícios.

De fato, as descobertas de petróleo em meados do século passado transformaram uma região tribal e pobre em um dos lugares mais ricos do planeta. O Qatar, o Kuwait e os Emirados Árabes Unidos são todos mais ricos que a Suíça. Até mesmo a Arábia Saudita, Bahrein e Omã estão em pé de igualdade com o Japão ou o Reino Unido. Mas em breve tudo pode mudar.

Avizinham-se sérios problemas

No entanto, em um artigo do colunista David Fickling da Bloomberg, assinala-se que a Arábia Saudita e seus vizinhos poderiam enfrentar sérios problemas financeiros em um futuro muito próximo.

"A atual guerra de preços nos mercados petrolíferos apenas vai acelerar o momento em que as economias do Golfo ficarão em uma situação muito difícil", escreve Fickling.

Neste momento, todas as seis monarquias do Golfo, bem como a Rússia e os Estado Unidos, continuam produzindo petróleo em grande volume e planejam aumentar a produção, com a consequente queda dos preços, fenômeno acelerado pela menor demanda devido à paralisação da economia mundial motivada pela pandemia.

Esse aumento da produção não se deve a razões de geopolítica: é um simples resultado matemático da queda do preço do petróleo. Com menos dólares entrando por cada barril de petróleo bruto, as monarquias do Golfo precisam bombear muito mais para manterem o nível atual de receitas.

Custa tanto bombear um barril de petróleo de um campo petrolífero do Golfo como comprar uma garrafa de água mineral. Por isso, mesmo em um cenário extremo em que os preços do petróleo bruto caíssem para U$ 10 por barril (R$ 50) e quase toda a indústria petrolífera mundial perdesse dinheiro, os produtores do Golfo ainda teriam algum lucro.

Fickling observou, contudo, que as monarquias do Golfo precisam de preços elevados do petróleo para equilibrar os seus orçamentos. Apesar de os bancos centrais dos países desta região e os seus fundos soberanos terem acumulado montantes para cenários de crise, os preços baixos do petróleo durante um longo período de tempo poderiam esgotar as reservas financeiras.

Mesmo que o barril de petróleo se situe na faixa dos U$ 50 (R$ 250), as reservas de ouro e divisas da Arábia Saudita já estariam em 2024 reduzidas a cerca de cinco meses de custos de importação – segundo prevê o FMI, citado pela Bloomberg.

"Se a procura de petróleo não atingir o pico antes de 2040, o montante restante [das reservas financeiras], segundo os especialistas do FMI, seria esgotado em 2034. Se o petróleo vier a custar 20 dólares por barril, esses ativos vão acabar ainda mais rápido e o tesouro desses países estará vazio já em 2027", observou o especialista, que relembra ser o reino saudita um dos maiores compradores e detentores de títulos da dívida pública dos EUA.

Nada voltará a ser igual

Se as monarquias do Golfo lograram transformar reinos inóspitos em estados que rivalizam com as grandes potências financeiras, Fickling prevê que "as gerações futuras nunca verão a riqueza de que os Estados do Golfo usufruem hoje", devido aos prováveis cortes orçamentais, introdução de impostos e o fim do Estado social, concluiu o colunista.

Os preços do petróleo caíram quase pela metade desde o início de março, em meio à desaceleração da demanda do mercado devido ao surto do coronavírus, bem como à falta de acordo no seio da OPEP e ao aumento desenfreado da produção da Arábia Saudita, tendo os futuros de maio do Brent sido negociados em torno de 27-30 dólares por barril em 20 de março último.

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