Esses organismos descobertos em 1991, cinco anos após o desastre nuclear que arrasou com a cidade ucraniana de Pripyat, poderiam se alimentar de radiação.
Trata-se do fungo Cryptococcus neoformans, que contém grandes quantidades de melanina - um pigmento encontrado na pele e que a torna escura.
Os altos níveis de melanina absorvem a radiação nociva, transformando-a em energia química, da mesma forma que as plantas convertem o dióxido de carbono e clorofila em oxigênio e glicose através da fotossíntese. É um processo conhecido como radiossíntese e os cientistas acreditam que poderia ser utilizado para beneficiar os seres humanos.
Alternativa biológica
Os cientistas da NASA creem que podem ser capazes de extrair o poder da radiossíntese dos fungos e usá-lo para criar um creme solar que proteja contra os raios do Sol.
Além disso, esses fungos também poderiam ser usados para armazenar energia, tornando-se uma alternativa biológica aos painéis solares.
A equipe de pesquisa escreveu sobre esta possível tecnologia em seu fórum. "Os fungos que crescem ali [no reator de Chernobyl] são fungos radiotróficos, que são ricos em melanina. A melanina absorve a radiação e a converte em outras formas de energia [inclusive elétrica]. Minha pesquisa é sobre o uso da melanina em conjunto com a água para converter a radiação eletromagnética em energia elétrica. Esta tecnologia provavelmente encontrará o seu lugar na biotecnologia, por ser não tóxica e biocompatível", disse o líder da pesquisa, Kasthuri Venkateswaran, citando pelo tabloide britânico Express.
O cientista acredita que o organismo descoberto poderia beneficiar pacientes com câncer submetidos à quimioterapia e proteger engenheiros em usinas nucleares.
O reator nuclear de Chernobyl explodiu na Ucrânia (que na época fazia parte da URSS) em 26 de abril de 1986, resultando em mortes e na evacuação em massa de quase 50.000 pessoas.
Até hoje, a zona de exclusão continua em vigor, com as autoridades estimando que a área não será oficialmente segura para a habitação humana durante centenas de anos, devido às enormes quantidades de radioatividade liberada. O acidente nuclear também afetou o ecossistema e a cadeia alimentar da região.