Incógnita da física? Experimento antártico detecta intrigantes 'partículas fantasmas'

© AP Photo / Patrick CullisAurora Boreal vista do Observatório de Pesquisa da Antártica, aonde foi descoberto o buraco na camada de ozônio da região, em 1987
Aurora Boreal vista do Observatório de Pesquisa da Antártica, aonde foi descoberto o buraco na camada de ozônio da região, em 1987 - Sputnik Brasil
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Sinais estranhos foram detectados em um novo experimento de neutrinos antárticos que não podem ser explicados pelo modelo padrão da física, revelaram os cientistas do observatório de neutrinos IceCube, localizado no Polo Sul.

O projeto Antena Antártica de Impulso Transitivo (ANITA) consiste em um balão gigante que voa sobre o continente antártico, apontando suas antenas de rádio para o chão.

Um novo estudo revelou que durante os três primeiros voos do experimento foram detectados vários candidatos a neutrinos, que são partículas subatômicas com massas incrivelmente pequenas e sem carga capazes de passar pelo planeta sem serem perturbadas.

A principal fonte de neutrinos vem das reações que ocorrem no interior do Sol, que enviam torrentes destas partículas através da Terra a cada segundo. Eles também podem surgir de eventos cósmicos incrivelmente poderosos, bem como de fontes artificiais.

Graças aos seus 5.160 detectores ópticos enterrados no gelo, "quando um neutrino interage com um átomo de hidrogênio ou oxigênio no gelo, ele produz um sinal que o IceCube pode detectar", explica o observatório antártico.

Já a antena ANITA procura "ondas de rádio, porque os neutrinos extremamente energéticos podem produzir sinais de rádio intensos quando colidem com um átomo no gelo".

Sinais intrigantes

A detecção destes sinais deixou os físicos intrigados, uma vez que os sinais pareciam vir de neutrinos de altíssima energia.

"Diz-se normalmente que os neutrinos são partículas 'evasivas' ou 'fantasmagóricas' devido à sua notável capacidade de passar através do material sem colidir com algo. Mas com essas incríveis energias, os neutrinos são como touros em uma loja de porcelana: eles têm muito mais probabilidade de interagir com partículas na Terra", disse o astrofísico Alexander Pizzuto da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), que liderou o estudo.

Existe "a possibilidade de uma fonte realmente intensa" ter gerado as partículas detectadas, o que proporcionaria uma explicação astrofísica para o evento, sugerem os pesquisadores.

"Isto significa que podemos descartar a ideia de que estes eventos vêm de uma fonte pontual intensa, porque as hipóteses de a ANITA ver um evento e o IceCube não ver nada são muito pequenas", disse Anastasia Barbano, da Universidade de Genebra (Suíça).

© Foto / Arquivo pessoal de Aleksandr NovikovBloco de antenas de rádio do detector ANITA (Antena Antártica de Impulso Transitivo)
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Bloco de antenas de rádio do detector ANITA (Antena Antártica de Impulso Transitivo)

"Nossa análise descartou a única explicação astrofísica restante do modelo padrão para os eventos anômalos detectados pela ANITA. Assim, se esses eventos forem reais e não apenas devidos a variações no detector, então eles poderiam estar apontando para uma física além do modelo padrão", apontou Pizzuto.

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