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Pílula do Câncer: pesquisadores e parlamentares divergem sobre liberação do remédio

© REUTERS / Thomas MukoyaManipulação de comprimidos.
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Enquanto a Presidenta Dilma Rousseff decide sobre a possível liberação da fosfoetanolamina, a chamada pílula do câncer, a polêmica em torno do medicamento continua. O Congresso já aprovou o remédio, mesmo sem autorização da reguladora Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Até agora, os estudos preliminares sobre a fosfoetanolamina sintética demonstraram que a substância não é tóxica. No entanto, ainda não foi comprovada a eficácia da substância na cura do câncer.

Durante audiência pública conjunta das Comissões de Ciência e Tecnologia, Direitos Humanos e de Assuntos Sociais, os especialistas que participaram da discussão no Senado pediram cautela e mais estudos antes de qualquer decisão.

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O Diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Pedro Prata, falou sobre a cautela do governo para não dar falsas esperanças aos portadores da doença, e recomendou que as pessoas não façam uso da substância até que todas as etapas de pesquisa sejam concluídas.  “Nós estamos abertos a terapias que possam dar uma melhor resposta aos pacientes, mas a nossa responsabilidade é não prometer falsa esperança.”

Já o pesquisador em Bioquímica da Universidade de São Caetano do Sul, Marcus Vinícius de Almeida, um dos detentores da patente da fosfoetanolamina, criticou a condução dos estudos clínicos e a possibilidade da pílula do câncer ser indicada como complemento alimentar, proposta defendida pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera. Para o Doutor em biotecnologia a comissão parece preocupada apenas em provar onde a fosfoetanolamina não funciona, em vez de encontrar evidências do seu funcionamento. “Eu não vejo qualidade nessa Comissão, que foi estabelecida para estudar esse medicamento. Não vejo grandes resultados, e vou além. Se for utilizada a mesma dose, que está sendo utilizada nesse primeiro relatório, eles não vão chegar a conclusão nenhuma em testes in vivos. Outro ponto seria a discrepância e o pedido de liberação disso como suplemento, uma vez que a própria Anvisa diz que não é possível fazer a liberação de suplementos de substâncias sintetizadas.”

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A coordenadora científica do Instituto Nacional do Câncer, Marisa Breitenbach, por outro lado propõe a discussão do caso em um fórum científico. “Muita calma. Não há necessidade de disputa de dados. A minha proposta como Coordenadora de Pesquisa é que façamos um Fórum exclusivamente científico entre os pesquisadores que chegaram  até dezembro com uma série de resultados e os novos pesquisadores que se inseriram no grupo de trabalho criado pelo Ministério da Saúde e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.”

O pesquisador de São Carlos (SP) Gilberto Chierice, que foi o responsável por desenvolver a fosfoetanolamina sintética na Universidade de São Paulo (USP), afirmou durante a audiência que a fórmula e o procedimento utilizados nos testes estavam errados. “Eu desafiei e continuo desafiando: prova que não funciona. Não vem com historinha de montar dados clínicos. Fizeram uma síntese que não é a nossa.”

Do lado dos parlamentares presentes, o senador Ivo Cassol (PP-RO), autor do pedido da audiência, defendeu a sanção do projeto de lei aprovado pelo Senado, mesmo antes da aprovação de registro e regulamentação pela Anvisa, alegando que convive com muitos pacientes que estão fazendo uso da substância e o resultado seria positivo. “Que a presidenta Dilma libere esse medicamento e sancione essa lei, e coloque a disposição da sociedade, porque o medicamento não é tóxico.”

O senador Cristovam Buarque (PPS-DF), também falou sobre a recomendação da pílula do câncer como suplemento alimentar, o que prova não ser tóxico. O parlamentar incentiva a continuidade e liberação do medicamento, mesmo sem autorização da Anvisa. “Estão recomendando que se use como suplemento alimentar, logo não faz mal. Se não faz mal. No caso de uma doença com  gravidade, com a perspectiva de sofrimento ao longo dela e de pouca esperança de vida, porque não autorizar o uso e produzir inclusive, para que as pessoas tenham essa chance?”

A fosfoetanolamina oficialmente nunca foi testada em humanos. A substância chegou a ser distribuída por cerca de 20 anos pela USP de São Carlos a pacientes com câncer. As pessoas que se submeteram ao tratamento alegam terem sido curadas.

Atualmente a fosfoetanolamina passa pela fase de teste in vivo das substâncias da cápsula, em organismos vivos, neste caso a testagem acontece em animais de pequeno porte.

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