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Capacidade de testagem da COVID-19 aumentará 'bastante' no Brasil em breve, diz sanitarista

© Folhapress / Odair Leal Profissionais trabalham exaustivamente no Laboratório Charles Mérieux, em Rio Branco, no Acre, devido à demanda acentuada por conta da pandemia do novo coronavírus
Profissionais trabalham exaustivamente no Laboratório Charles Mérieux, em Rio Branco, no Acre, devido à demanda acentuada por conta da pandemia do novo coronavírus - Sputnik Brasil
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A capacidade de testagem da COVID-19 no Brasil hoje é "muito pequena", mas isso deve começar a mudar a partir da semana que vem, disse à Spunik Brasil o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto.

Segundo o professor de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), atualmente o país consegue processar apenas "mil ou dois mil testes por dia", número considerado muito baixo e que contribui para a elevada subnotificação da COVID-19 apontada por especialistas.

De acordo com estimativa apresentada na segunda-feira (13) pelo portal COVID-19 Brasil, organizado por cientistas e estudantes da USP, da Universidade de Brasília (UnB) e outros centros de pesquisa, em 11 de abril o número real de casos de coronavírus no país seria de 313.288.

A cifra representa 15 vezes mais do que o registro oficial de casos na data, que era de 20.727.

Vecina afirma que o Brasil até conseguiu criar os testes para identificação do vírus, "que estão sendo feitos pela Fundação Oswaldo Cruz e laboratórios privados", mas os resultados dos exames demoram muito a chegar.

"Agora, nenhum deles, nem laboratórios privados nem o setor público, têm a capacidade de processamento desses testes. Cada teste demora oito horas para ficar pronto, mas a capacidade de processar todos paralelamente e em todo país é baixa", explicou o fundador e primeiro diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

'Estamos comprando máquinas de automação'

Mas o médico sanitarista é otimista e acredita que esse quadro pode mudar a partir da semana que vem.

"Neste momento, estamos comprando maquinas de automação, que também não existiam no mercado, ou existiam e tinham que ser adaptadas, e agora estamos descobrindo como se faz para adaptar. Máquinas que existem em bancos de sangue, para fazer virologia de hepatite, por exemplo, que podem ser transformadas para fazer virologia de coronavírus", explicou Vecina Neto.

Segundo o especialista, o país deveria "estar fazendo 15, 20, 30 mil testes por dia".

"O correto seria a gente conseguir, nos próximos um ou dois meses, testar 5% da população brasileira, ou seja, estamos falando de 10 milhões de testes", disse.

Outro problema apontado pelo sanitarista é "um governo federal que não se entende", o que torna "muito difícil fazer um plano nacional" para combater a COVID-19.

Brasil precisa de um 'plano nacional'

Nesta quinta-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro demitiu o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que liderava a pasta desde o início da crise. Para o seu lugar, foi chamado o oncologista Nelson Teich.

"Os estados estão tentando ver como fazem. Em São Paulo, o Instituto Butantan e o Adolfo Lutz estão construindo uma rede de máquinas para aumentar bastante a capacidade de processamento do estado. Mas isso terá que ser reproduzido no Brasil todo e termos um plano nacional para aumentar a testagem", disse Gonzalo Vecina Neto.

Segundo o Ministério da Saúde, o sistema de saúde brasileiro realizou 89 mil exames para a COVID-19, sendo que ainda existem 93 mil testes pendentes.

Casos no Brasil poderiam ser de mais de 456 mil

O último balanço da pasta, divulgado nesta quinta-feira, contabilizava 30.425 casos do novo coronavírus e 1.924 mortes.

Se o número de casos confirmados for multiplicado por 15, como sugere o estudo do portal COVID-19 Brasil, hoje teríamos no país mais de 456 mil pessoas infectadas. A projeção deixaria o Brasil como a segunda nação com maior número de casos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que tem pouco mais de 654 mil pessoas infectadas com o vírus.

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