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Mandetta alfineta Bolsonaro: brasileiro não 'sabe se escuta' o ministro ou o presidente

© Folhapress / Pedro LadeiraPresidente Jair Bolsonaro em coletiva ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta
Presidente Jair Bolsonaro em coletiva ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta - Sputnik Brasil
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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que as ações do presidente Jair Bolsonaro diante da epidemia do coronavírus preocupam, pois levam brasileiros a ficar em dúvida sobre quem respeitar. 

Em entrevista concedida ao programa Fantástico, da TV Globo, ao ser perguntado sobre o comportamento do chefe de Estado, que por várias vezes desrespeitou as recomendações de distanciamento social e de evitar aglomerações, Mandetta afirmou que a atitude de Bolsonaro faz as pessoas perguntarem se o "ministro é contra o presidente". 

"Ela preocupa, porque a população olha e fala: mas será que o ministro é contra o presidente?" 

Mandetta ressaltou, contudo, que "não há ninguém contra nem a favor de nada", e que o "inimigo" comum é o coronavírus. 

O Ministério da Saúde, seguindo orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), determinou que a população adote o isolamento social para evitar a rápida disseminação do coronavírus. 

Bolsonaro, porém, por diversas vezes defendeu o isolamento vertical, que abrange apenas idosos e pessoas do grupo de risco para a COVID-19. Além disso, se encontrou com apoiadores e saiu às ruas do Distrito Federal por diversas vezes desde o início da crise do coronavírus.

'Dias muito duros' em maio e junho

Mandetta pediu uma política unificada do governo, argumentando que o brasileiro sente uma "dubiedade" e "não sabe se escuta o ministro" ou o "presidente". 

"Se eu estou ministro da Saúde, é por obra de nomeação do presidente. O presidente olha pelo lado da economia. O Ministério da Saúde entende a economia, entende a cultura e educação, mas chama pelo lado de equilíbrio, de proteção à vida. Eu espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento possa ser comum e termos uma ala única, unificada", opinou. 

O ministro afirmou ainda que em maio e junho "teremos dias muito duros". 

"Sabemos também, desde o início que fizemos as projeções, que a segunda quinzena de abril seria a quinzena que aumentaria, e que os meses de maio e junho seriam os meses de maior estresse para o nosso sistema de saúde", disse Mandetta. 

Por outro lado, Bolsonaro, em videoconferência realizada neste domingo (12) com lideranças religiosas, afirmou que o vírus parecia que estava "começando a ir embora". 

'Comportamento da sociedade é que dita'

O ministro da Saúde também cobrou da população respeito ao isolamento social. Ele disse que "se começar novamente a movimentação, nós vamos voltar ao início". Para superar a crise é preciso ter "foco, disciplina ciência e planejamento", acredita Mandetta. 

"Essas semanas agora o comportamento da sociedade é que dita", ressaltou. 

Mandetta afirmou ainda que muitas pessoas acabam acreditando em notícias falsas e pensam que o coronavírus é uma "invenção de países para ganharem vantagem econômica", ou que "existe um complô mundial contra elas". 

"Como se tivesse alguma solução, com passe de mágica e que não precisasse que ninguém fizesse sacrifício. Quando você vê as pessoas entrando em padaria, entrando em supermercado, fazendo filas uma atrás da outra, encostadas, grudadas, pessoas fazendo piquenique em parque, isso é claramente uma coisa equivocada", criticou. 

Segundo o último boletim do Ministério da Saúde, foram confirmados 22.169 casos da COVID-19 no Brasil, com 1.223 mortes.

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