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Dilma cumpre agenda positiva e amplia relações comerciais com a Colômbia

© Palácio do Planalto / Acessar o banco de imagensPresidenta Dilma Rousseff e o presidente da Colômbia Juan Manuel Santos fazem declaração à imprensa após encontro
Presidenta Dilma Rousseff e o presidente da Colômbia Juan Manuel Santos fazem declaração à imprensa após encontro - Sputnik Brasil
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A Presidenta Dilma Rousseff desembarcou em Bogotá no final da noite de quinta-feira, 8, para sua primeira visita como Chefe de Estado à Colômbia. Durante toda a sexta-feira, Dilma cumpriu intensa agenda no país, ao lado do anfitrião, Presidente Juan Manuel Santos.

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O objetivo da viagem da presidenta é estreitar o relacionamento entre os dois países. A Colômbia é a 3.ª maior economia da América do Sul, mas, em termos de relacionamento comercial com o Brasil, está na 7.ª posição entre os países do continente. Em 2014, o saldo da balança comercial foi de US$ 4,1 bilhões.

Cerca de 50 empresas brasileiras estão estabelecidas na Colômbia, atuando em diversos segmentos como siderurgia, infraestrutura, petróleo e mineração, finanças, telecomunicações e tecnologia da informação, além de alimentos e bebidas.

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o cientista político André Luiz Coelho, professor de Ciência Políticas da UniRio e especialista em América Latina, analisou o significado da viagem de Dilma Rousseff àquele país e destacou os setores em que o relacionamento com o Brasil pode ser aprimorado.

Sputnik: Qual a importância desta visita da Presidenta Dilma Rousseff à Colômbia, e o que ela pode representar em termos de maior aproximação entre os dois países?

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André Luiz Coelho: É bem importante uma visita de Estado da presidente à Colômbia. É bem interessante também essa aproximação do Brasil com a Colômbia. O Brasil tem dado mais ênfase ao longo desses últimos 14 anos, desde o Governo Lula, ao Mercosul, e essa visita à Colômbia amplia a possibilidade do Brasil para além do Mercosul e de alguns parceiros tradicionais, como por exemplo Argentina, e mesmo para além do Mercosul, como Venezuela e Equador. É interessante perceber como o Brasil pode, nesse novo momento, tentar buscar relações mais próximas com a Colômbia, que é um país que a cada vez se mostra mais importante dentro do nosso continente, dentro da América do Sul, como o 4.º, quase o 3.º, país mais importante da região.

S: Essa visita da Presidenta Dilma teria acontecido no início da semana. Inicialmente, segundo o Ministério das Relações Exteriores e o próprio Palácio do Planalto, a presidente teria seguido no domingo à noite para realizar uma visita que se estenderia pela segunda e pela terça-feira. No entanto, as circunstâncias políticas vividas pelo país e pelo Governo diante do Tribunal de Contas da União e diante do Congresso Nacional levaram a presidente a transferir para quinta, sexta-feira e sábado esta visita. Acha prudente a presidente ter mantido essa viagem?

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ALC: Eu acho que sim, no momento em que estava marcado anteriormente, ela não deveria ter ido, a situação do Brasil estava bem complicada, deveria realmente ter ficado aqui para a votação das contas do TCU. No entanto, eu acho que ela pode tentar ganhar um pouco mais de oxigênio e tentar angariar o apoio internacional para conseguir um aumento do apoio interno. Alguns presidentes fazem isso naturalmente: utilizar a sua influência no âmbito externo para, a partir daí, conseguir que esses ganhos no âmbito externo possam ser relacionados e aproveitados no âmbito doméstico. A Presidenta Dilma foi nas ultimas semanas a Nova York, discursar na ONU, um momento importante do Brasil para tentar tirar a agenda da crise e colocar uma outra agenda de política externa como uma agenda desejada e necessária. Ao mesmo tempo, a ida à Colômbia pode ser uma espécie de oxigenação, tranquilidade, e se os acordos forem assinados e forem proveitosos para o país e se o Poder Executivo junto ao Itamaraty conseguir vender a importância desses acordos para a economia do Brasil, principalmente em momento de crise, a ampliação de mercado é bastante interessante para os produtos brasileiros e isso pode ser interessante para a presidente, inclusive no âmbito de crise doméstica.

S: Segundo os Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o comércio bilateral entre Brasil e Colômbia atingiu a marca de US$ 4,1 bilhões em 2014, contra US$ 1,5 bilhão em 2005. É um crescimento de 165%. Acredita que este comércio bilateral poderá se expandir ainda mais?

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ALC: Eu acredito que sim. Na verdade, para explicar esse crescimento temos que voltar um pouco no passado. A Colômbia faz parte da Comunidade Andina de Nações, que é equivalente ao Mercosul, mas dos países andinos: Equador, Peru, Bolívia e a própria Colômbia. Antigamente também incluía a Venezuela, que saiu em 2006. Com o passar do tempo a Comunidade Andina foi perdendo sua importância, e a Colômbia conseguiu se distanciar do bloco.

É importante lembrar que entre 2000 e 2006 a Colômbia foi palco do chamado Plano Colômbia, uma iniciativa de cooperação econômica, comercial e militar com os EUA para, basicamente, tentar acabar com o tráfico de drogas e especialmente liquidar as FARC. Durante esse tempo a proximidade entre Bogotá e Washington foi muito grande, o alinhamento foi praticamente automático, e assim o Brasil não ficou tão próximo da Colômbia. Com o fim do Plano Colômbia, aumentou a possibilidade de aproximação entre Colômbia e Brasil, o que paulatinamente veio acontecendo.

Da mesma maneira, é interessante perceber como, ao longo dos últimos anos, a força da guerrilha colombiana vai diminuindo cada vez mais, as FARC vão perdendo espaço, território e poderio econômico e militar dentro da Colômbia, e isso também é visto pelos diplomatas e empresários brasileiros como algo positivo porque nós podemos entrar com nossos produtos em um país mais pacificado, mais tranquilo e mais receptivo à produção brasileira.

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