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Dilma admite crise econômica na ONU e pede solidariedade com refugiados

REPORTAGEM DILMA ONU 2 DE 28 09 15
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Em discurso na abertura da 70ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta segunda-feira (28), a Presidenta Dilma Rousseff reconheceu diante dos líderes mundiais que o Brasil passa por uma crise econômica, que vem resultando em aumento da inflação, desvalorização cambial e recessão.

Segundo Dilma, o esforço do governo para conter a crise de 2008 chegou no limite. Apesar das dificuldades econômicas, a Presidenta ressaltou que o país não tem problemas estruturais graves, mas, sim, problemas pontuais e momentâneos.

“Por seis anos, buscamos evitar que os efeitos da crise mundial, que eclodiu em 2008 no mundo desenvolvido, se abatesse sobre a nossa economia e a nossa sociedade. Por seis anos, adotamos um ângulo conjunto de medidas reduzindo impostos, ampliando créditos, reforçando investimentos e o consumo das famílias. Aumentamos os empregos, aumentamos a renda nesse período. Esse esforço chegou agora no limite, tanto por razões fiscais internas como por aquelas relacionadas ao quadro externo. A lenta recuperação da economia mundial e o fim do superciclo das commodities incindiram negativamente sobre o nosso crescimento. A desvalorização cambial e as pressões recessivas produziram inflação e forte queda da arrecadação, levando a restrições nas contas públicas. O Brasil, no entanto, não tem problemas estruturais graves, nossos problemas são conjunturais. Diante dessa situação estamos reequilibrando o nosso orçamento, e assumimos uma forte redução de nossas despesas, do gasto de custeio e até de parte de investimento”.    

De acordo com a presidenta, hoje, a economia brasileira é mais forte, sólida e resiliente do que há alguns anos, o que torna o país com condições de superar as dificuldades. Ela destacou que o Brasil está num momento de transição para um outro ciclo de expansão mais profundo, sólido e duradouro.

Aproveitando o discurso para defender a solidariedade para com os refugiados, Dilma chamou a atenção para os conflitos regionais, uma das principais causas da atual crise migratória.

“Grande parte dos homens, mulheres e crianças que se aventuram nas águas do Mediterrâneo e erram penosamente nas estradas da Europa provem do Oriente Médio e Norte da África, onde tiveram seus estados nacionais desestruturados por ações militares ao arrepio do direito internacional, abrindo espaço para a proliferação do terrorismo. A profunda indignação provada pela foto de um menino sírio morto nas praias da Turquia, e pela notícia sobre as 71 pessoas asfixiadas num caminhão na Áustria devem se transformar em ações inequívocas de solidariedade prática. Em um mundo onde circulam livremente mercadorias, capitais, informações e ideias, é absurdo impedir o livre trânsito de pessoas. O Brasil é um país de acolhimento. Um país formado por refugiados. Recebemos sírios, haitianos, homens e mulheres de todo o mundo. Assim como abrigamos há mais de um século milhões de europeus, árabes e asiáticos. Estamos abertos, de braços abertos, para receber refugiados. Somo um país multiétnico, que convive com as diferenças e sabe a importância delas para nos tornar mais fortes, mais ricos, mais diversos tanto cultural quanto social e economicamente”.

A presidenta destacou a necessidade da criação de um Estado Palestino, que conviva de forma pacífica com Israel, e voltou a enfatizar que o Conselho de Segurança da ONU necessita ampliar os membros permanentes e não-permanentes para se tornar mais representativo.

“Esse inquietante pano de fundo nos impõe uma reflexão sobre o futuro das Nações Unidas, e nos exige agir concreta e rapidamente. Necessitamos uma ONU capaz de fomentar uma Paz sustentável no plano internacional e de atuar com presteza e eficácia em situações de guerra e de crise regional, localizada, e de quaisquer atos contra a humanidade. Não se pode postergar, por exemplo, a criação de um Estado Palestino, que conviva pacifica e harmonicamente com Israel. Da mesma forma, não é tolerável a expansão de assentamento em territórios ocupados. Para dar às Nações Unidas a centralidade que ela corresponde, é fundamental uma reforma abrangente de suas estruturas. Seu Conselho de Segurança necessita ampliar seus membros permanentes e não-permanentes para tornar-se mais representativo, mais legítimo e eficaz”.

Em seu discurso, Dilma falou novamente sobre a Convenção do Clima em Paris e sobre as metas do Brasil para reduzir em 37% as emissões de gases do efeito estufa durante a próxima década e de 43% em 2030, sem comprometer o desenvolvimento do país.

Finalizando seu pronunciamento, a presidenta citou a questão da corrupção, afirmando que o governo brasileiro tem atuado de forma firme e imparcial para investigar e punir possíveis desvios ou crimes, ressaltando que, no país, nem o governo ou a sociedade toleram a corrupção. Sem citar o atual momento de crise política no Brasil, Dilma Rousseff garantiu que vai continuar lutando pela democracia e que não vai abrir mão das conquistas pelas quais tanto lutou.

“O governo e a sociedade brasileiros não toleram e não tolerarão a corrupção. A democracia no Brasil se fortalece quando a autoridade assume o limite da lei como o seu próprio limite. Nós, os brasileiros, queremos um país em que a lei seja o limite, muitos de nós lutamos por isso justamente quando as leis e os direitos foram vilipendiados, durante a ditadura. Queremos um país em que os governantes se comportem rigorosamente segundo suas atribuições, sem ceder a excessos, em que os juízes julguem com liberdade e imparcialidade, sem pressões de qualquer natureza e desligados de paixões político-partidárias. Que fique consignado que o Brasil continuará trilhando o caminho democrático e não abrirá mão das conquistas pelas quais tanto lutamos”.

Em meio às palavras, a presidenta voltou a citar a frase do ex-presidente do Uruguai, José Mujica, na qual ele afirma que "a democracia não é perfeita, mas é preciso defendê-la para melhorá-la".

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