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Ex-presidente do Uruguai fala aos universitários do Rio de Janeiro

© Fernando Frazao / Agência BrasilJosé Mujica
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A passagem do ex-presidente e atual senador da República do Uruguai, José Pepe Mujica, pelo Rio, foi marcada, entre outros eventos, pela palestra que fez na UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Aplaudidíssimo, ele defendeu o fim dos privilégios para os políticos e a manutenção da democracia.

O ex-Presidente José Mujica visitou o Rio a convite da Federação de Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul (Federasur), para receber o prêmio “Personalidade Sul 2015”. Enquanto estava no poder, o ex-guerrilheiro, agora com 80 anos, ficou conhecido como o presidente mais pobre do mundo, devido ao seu estilo simples de vida.

Em homenagem que recebeu na ABI – Associação Brasileira de Imprensa, Pepe Mujica ressaltou que os políticos devem viver uma vida simples como a maioria do povo, e não como uma minoria privilegiada.

Mujica também criticou duramente a sociedade de consumo, a acumulação de bens e riquezas, o esbanjamento das elites que compram supérfluos, como, por exemplo, a necessidade de adquirir um telefone celular a cada dois meses ou trocar de carros a cada dois anos:

“Não dizem que para ser feliz temos que comprar um telefone novo, a cada três, quatro meses. E por que trocar de carro a cada dois anos?”.

Nos 5 anos de mandato de José Mujica à frente do Governo uruguaio, que terminaram este ano com uma aprovação de 65% da população, ele assinou leis polêmicas, que dificilmente passariam em outros países da América Latina, como o casamento entre homossexuais, a legalização do aborto e a descriminalização da maconha, passando para o Estado o controle da produção e da venda de droga.

Ainda na entrevista coletiva na Associação Brasileira de Imprensa, Mujica foi questionado se o Brasil teria capacidade de legalizar as drogas, mas ele preferiu apenas falar sobre sua experiência enquanto foi presidente do Uruguai.

Segundo Mujica, o que está sendo feito no Uruguai com a descriminalização da maconha é uma experiência que não se sabe ainda em que vai dar, porém a forma como se tratava o assunto, antes, no país não estava dando certo.

“Nós começamos a fazer um experimento”, disse ele. “Não sabemos o resultado que vai dar. O que sabemos é que aquilo que vínhamos fazendo não nos dava resultado. E, como disse Einstein, se você quer mudar, não siga fazendo sempre o mesmo”.

Em relação ao momento de crise política e econômica no Brasil, o senador evitou comentar os escândalos de corrupção, mas defendeu a punição dos culpados, e disse que os brasileiros precisam acreditar no próprio país, pois o Brasil tem a força e os recursos necessários para superar as dificuldades.

O ‎presidente na Federação das Câmaras de Comércio da América do Sul, Darc Costa, ao homenagear José Mujica falou da importância da prática de uma política que respeite os interesses nacionais e defendeu a integração cultural, política e social dos países da América Latina. E acrescentou: “Nosso amigo Mujica é a esperança de que se pode tratar a política como uma coisa que pode mudar a sociedade para algo melhor.”

No encontro com os estudantes na UERJ, José Mujica discorreu sobre movimentos golpistas na América do Sul, falou dos maiores desafios da América Latina hoje e ainda opinou sobre o Mercosul e a Unasul – União de Nações Sul-Americanas.

Segundo ele, "o mundo está se agrupando em gigantescas unidades. A União Europeia está criando uma fabulosa unidade de capital. Qual é nosso destino, ser compradores de conhecimento de ponta? Que a batalha para a liberdade seja também no campo da investigação".

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