Apesar de anunciar fim de operações intensivas no norte de Gaza, tanques de Israel voltam à região

Explosões massivas puderam ser vistas e ouvidas nas áreas do norte do enclave, do outro lado da fronteira com Israel. O barulho de tiros intensos atravessou a fronteira durante toda a noite, segundo mídia britânica.

Ontem (15), o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou o término da fase intensiva das operações militares no norte da Faixa de Gaza. Segundo Gallant, "o período de manobras terrestres intensivas no setor havia terminado", conforme noticiado.

Entretanto, nesta terça-feira (16), tanques israelenses atacaram partes do norte de Gaza de onde haviam saído na semana passada, segundo a Reuters.

De acordo com a mídia, explosões massivas puderam ser vistas nas áreas do norte do enclave, do outro lado da fronteira com Israel. Pela manhã, rastros serpenteavam pelo céu enquanto as defesas Cúpula de Ferro israelenses derrubavam foguetes disparados por militantes do outro lado da cerca, prova de que mantêm a capacidade de lançá-los apesar de mais de 100 dias de guerra.

Tel Aviv afirmou que suas forças mataram dezenas de combatentes do Hamas durante a noite em confrontos em Beit Lahiya, no extremo norte da Faixa de Gaza.

As autoridades de Saúde de Gaza disseram que, nas últimas 24 horas de bombardeios israelenses, 158 pessoas foram mortas no enclave, elevando o número de vítimas da guerra, agora em seu quarto mês, para 24.285, com mais de sete mil desaparecidos.

Algumas das centenas de milhares de residentes que fugiram do norte no início da guerra começaram a regressar na semana passada para áreas bombardeadas onde os israelenses tinham se retirado, mas os moradores que falaram à agência britânica hoje (16) disseram que o recrudescimento abrupto dos combates no norte agora vai interromper os planos de tentar voltar para casa.

"Quase planejamos voltar para nossa casa em Nazla, a leste de Jabalia, mas graças a Deus não o fizemos. Nesta manhã, pessoas que moram nas proximidades chegaram aqui e nos disseram que os tanques foram enviados para lá", disse Abu Khaled, 43 anos, pai de três que vivem agora com familiares na cidade de Gaza.

A maior parte dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza está agora amontoada nas poucas áreas do sul onde as tropas israelenses ainda não entraram, incluindo Deir al-Balah e Rafah, que está localizada no extremo sul da faixa.

Sob pressão de seu maior aliado – os Estados Unidos, para reduzir as baixas civis, o governo israelense disse que estava mudando de tática, passando de um ataque terrestre em grande escala para operações direcionadas contra os militantes do Hamas que controlam o enclave.

Começou essa mudança com uma retirada no norte, onde as suas forças tinham começado a sua ofensiva terrestre em outubro.

No entanto, qualquer caminho para desescalar a guerra ainda parece remoto, com Israel a dizer que não vai parar até que o Hamas seja destruído e os combatentes não mostrem sinais de perderem a capacidade de resistir, ressalta a mídia.

O anúncio de Gallant de que a grande ofensiva terrestre no sul estava prestes a terminar, analisa a agência, levanta a questão de saber se os israelenses ainda tentarão avançar para as restantes áreas do sul.