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Visão estratégica: relevância geopolítica e economia emergente levaram Etiópia a integrar o BRICS

© Marcelo Camargo/Agência BrasilBanco do BRICS tem como principais membros Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
Banco do BRICS tem como principais membros Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - Sputnik Brasil, 1920, 03.11.2023
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A entrada de países africanos no BRICS — para além da própria África do Sul no bloco, que ocorreu há cerca de 13 anos — é vista por especialistas como um novo capítulo da geopolítica. A partir de 1º de janeiro de 2024, novos países adentram o bloco. A Etiópia é um deles.
Outrora conhecida por suas lutas contra a fome e a miséria, a Etiópia é agora membro do BRICS, um bloco de nações emergentes com destaque no cenário internacional.
Ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas pontuam e explicam os motivos pelos quais a entrada da nação no bloco é um ponto positivo.
Foguete da Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO, na sigla em inglês) carregando a espaçonave Chandrayaan-3, decolando do Centro Espacial Satish Dhawan em Sriharikota, Andhra Pradesh. Índia, 14 de julho de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 31.10.2023
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Mestre em relações internacionais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), assistente de ensino na Fundação Getulio Vargas (FGV) e pesquisadora de política externa russa, Giovanna Dias Branco explica que a Etiópia não está sozinha nessa expansão do BRICS, já que vários países africanos manifestaram interesse em se unir a esse bloco multilateral, impulsionado pelo crescimento econômico chinês e sua influência.
Giovanna Branco pontua que a posição estratégica da Etiópia no continente africano desempenhou um papel fundamental em sua entrada no BRICS, permitindo ao país alçar voo em direção a novos níveis de desenvolvimento e cooperação internacional.

"A Etiópia não é uma economia dispensável no continente africano. É o segundo país mais populoso de todo o continente. Ela consegue ganhar esse lugar no momento em que o BRICS decide expandir com outros países africanos. Isso permite ao país alcançar outros níveis de desenvolvimento e, também, outras fontes de renda, como o banco de desenvolvimento do BRICS", pontua a especialista.

A professora também destaca que os países que ingressam no BRICS compartilham características comuns, como alta população, economias emergentes e potencial de desenvolvimento econômico futuro. Além disso, há a importância geopolítica.
A Etiópia atende a todos esses critérios, desafiando a visão preconceituosa de que países africanos são automaticamente associados à pobreza e ao subdesenvolvimento.

"A Etiópia realmente foi uma escolha muito bem pensada pelos países do BRICS, justamente para atender esses critérios, que também são os […] atendidos por outros países, como os países árabes, que também passarão a fazer parte do bloco", assegura.

A analista aborda, ainda, a história da Etiópia como a única nação africana que não foi colonizada.
Embora isso tenha evitado os conflitos coloniais que afetaram muitas nações africanas, a especialista pontua que a Etiópia ainda enfrenta desafios políticos, étnicos e econômicos.
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"[…] não foi necessariamente uma grande vantagem, ao longo do tempo, não ter tido o passado colonial. Com certeza, isso implica em menos casos de violência política, internamente, relacionados ao conflito colonial", crava.

Em meio aos conflitos internos e a uma grave crise hídrica, a Etiópia busca soluções para seus desafios.
A professora observa que a estabilidade política e o desenvolvimento econômico frequentemente estão interligados no cenário internacional.
Kauê Lopes, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador visitante do Centro Latino-Americano e Caribenho da Escola de Economia e Ciência Política de Londres (LACC-LSE, na sigla em inglês), explora como o BRICS está abrindo novas perspectivas de relações políticas e econômicas, com destaque para o papel da China na Etiópia.

A dinâmica do BRICS representa "uma abordagem inovadora que une relações políticas e econômicas, reconhecendo que a divisão entre esses dois aspectos é, na prática, meramente didática", informa o especialista.

Ele complementa sinalizando que, nesse contexto, a China emerge como um parceiro significativo para a Etiópia. À medida que a China fortalece seus laços com a Etiópia, a linha entre economia e política se torna cada vez mais indistinta.
Nesse sentido, o BRICS pode contribuir para o desenvolvimento econômico da Etiópia, investindo em infraestrutura, oferecendo empréstimos em longo prazo e facilitando a entrada de investimentos.
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Esse desenvolvimento econômico poderia, por sua vez, criar instituições mais democráticas e promover a estabilidade política no país.

"A estabilidade política e o desenvolvimento econômico normalmente são cenários atrelados, e o BRICS, neste momento, poderia ajudar a Etiópia no quesito desenvolvimento econômico. Investir em infraestrutura, fazer empréstimos em longo prazo, permitir maior entrada de capitais na Etiópia, fazendo com que exista algum tipo de desenvolvimento ou, pelo menos, algum plano de crescimento econômico", conclui a analista.

No que diz respeito à relação do Brasil com a Etiópia, historicamente, segundo a especialista, não há laços profundos.
A inclusão da Etiópia no BRICS, entretanto, abre novas possibilidades de cooperação entre os países, proporcionando oportunidades para promover interesses mútuos e fortalecer a presença do bloco no continente africano.
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