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Bolsonaro no golfo: sucesso econômico, mas embaixada ainda é ponto sensível

© AP Photo / Jon GambrellA Grande Mesquita do Sheikh Zaye, em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos
A Grande Mesquita do Sheikh Zaye, em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos - Sputnik Brasil
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Especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil concordaram que a visita do presidente Jair Bolsonaro ao Oriente Médio foi bem sucedida, mas divergiram sobre possível impacto de transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém.

Durante tour pela Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar,  o mandatário disse que a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém “pode acontecer”.

A mudança da embaixada tinha ficado em segundo plano desde que o governo brasileiro decidiu não levar a questão adiante, contentando-se em abrir um escritório de representação comercial em Jerusalém, sem status diplomático. A capital de Israel é um ponto de disputa entre palestinos e israelenses e a maioria dos países do mundo mantêm suas embaixadas em Tel Aviv.

"Acho que é um passo o escritório comercial. Acho que mais cedo ou mais tarde naturalmente pode acontecer a transferência da embaixada", afirmou Bolsonaro em Doha, no Qatar, segundo citado pelo portal G1.

Transferência 'não seria entrave'

Para o jornalista saudita radicado no Brasil Rasheed Abou-Alsahm, uma possível transferência da representação diplomática "não seria um entrave para os países do golfo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Qatar, que estão se alinhando mais com Israel por causa da ameaça comum que veem no Irã".

Já para o Ali Houssein El-Zoghbi, vice-presidente da Fambras (Federação das Associações Muçulmanas do Brasil), o assunto tem potencial para atrapalhar os negócios entre o Brasil e as nações árabes.

'Pode prejudicar muito'

"Ainda há uma preocupação com a postura do governo brasileiro, embora o foco da viagem tenha sido a área econômica. É uma questão muito delicada, a questão palestina e a questão de Israel. É praticamente um problema sem solução até o momento, que pode trazer instabilidade entre países. Acredito que no momento isso está sendo colocado em segundo plano, mas se houver verbalização novamente desse tipo de situação e for colocado em foco, pode prejudicar, e muito, a relação entre o Brasil e os países árabes", afirmou El-Zoghbi para a Sputnilk Brasil.

Um dos motivos apontados para o recuo do governo Bolsonaro sobre a embaixada foi justamente o econômico. Os países árabes são grandes importadores de produtos brasileiros, principalmente carne e frango.

Sucesso comercial

Em relação aos negócios, os dois especialistas concordam que a viagem de Bolsonaro alcançou seus objetivos, uma aproximação dos países árabes e a busca por investimentos.

“As relações de negócios do Brasil com os países árabes do golfo são muito importantes, esses países importam muita produção agrícola, carne e frango do país. A Arábia fornece 33% das importações de petróleo do Brasil. Então tem uma soma de negócios muito importante”, disse Abou-Alsahm à Sputnik Brasil.

Segundo ele, os desentendimentos foram superados e o comércio deve prosperar. O jornalista citou os fundos soberanos com recursos do petróleo. “Os investimentos devem aumentar. Fundos soberanos dos Emirados e da Arábia estão investindo no Brasil. Especialmente dois fundos dos Emirados, que estão investindo em autoestradas, infraesutura e mineração.

Abou-Alsahm disse ainda que os países árabes olham para o Brasil como uma fonte segura de alimentos. "Os países do golfo são a maioria desertos, não têm fontes de água potável, então estão investindo no Brasil e Argentina, comprando fazendas. Eles precisam do feno para alimentar o gado na Árabia Saudita. A Almarai , empresa de laticionos, tem a maior fazenda de vacas leiteiras do Oriente Médio. São relações estratégicas para os países do golfo", explicou.

O vice-presidente da Fambras, por sua vez, afirmou que Bolsonaro foi recebido com honrarias de alto nível nos países visitados, o que demonstra a importância do Brasil para os países do golfo.

“Acredito que ouve uma intensificação do diálogo entre o Brasil e os países árabes bastante relevante. A gente percebe pela linha dos setores abordados: paz e segurança, cooperação econômica, meio ambiente e principalmente defesa. Acordos em setores relevantes”, disse El-Zoghbi.

Ele também mencionou os fundos soberanos, apontados como um dos principais motivos da viagem pelo especialista: "São recursos vultuosos, que podem ser usados em países emergentes".

Após visitar o Japão e a China, Jair Bolsonaro seguiu para os Emirados Árabes Unidos e depois para Qatar. Nesta segunda-feira (28), ele desembarcou na Arábia Saudita, última escala de seu giro pelo Oriente Médio.

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